sábado, 23 de janeiro de 2010

Gotinhas de chuva

Eu gosto das gotinhas de chuva em minha janela
Distorcendo e recriando imagens
Eu gosto de ver a água enchendo a panela
Com óleo e sal consigo perceber paladares
Gosto de apreciar as flores nos primeiros raios de sol
As abelhas e zangões criando seus favos
As rodas d’água rodando no rítimo do relógio
Os malabares nos ares, os santos em oração
As luzes em cores, a expectativa em um botão
O vermelho da flor igual ao do coração.
Durante a noite um cigarro aceso
O sentido, o querido, conseguido, construído
A saudade, a vontade, a bondade e felicidade
O amanhã, o amanhecer, te rever
Te abraçar, te tocar e te beijar.
Desafio os fundamentos e encontro sentidos
Ao tempo desatentos são os meus olhos comedidos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Saudades da infância e das brincadeiras de criança

A poesia e as diversas formas da escrita transcendem os significados das palavras. Quando se escreve a palavra “Sol”, solitariamente, ela representa um astro da Via Láctea, que é na verdade uma estrela. Porém, quando você a coloca dentro de um contexto maior com um conjunto de substantivos, verbos, preposições e artigos muito bem escolhidos, esta mesma palavra pode nos levar a uma quantidade enorme de interpretações. Contar histórias é muito divertido, você pode fazer diversas interpretações e gestos. Quando escrevemos histórias nos permitimos a possibilidade de misturar o real e o surreal, de criar personagens e de utilizar personagens reais, todos dentro de um mesmo contexto. Uma coisa que me intriga é a música, você ouve a música, assim como você houve uma história, mas é possível colocarmos a música no papel, podemos escrever o som. Eu fico encantado com a música, assim como a escrita e a vida me encanta e canta. A união da vida, com a música e com a poesia é algo fascinante.
Eu gosto de escrever porque volto a ser criança, me sujo com as palavras assim como me sujava com a areia. Me lambuzo de virgulas e pontos, assim como me lambuzava com a argila. Satisfaço-me de adjetivos para poder escrever de novo, da mesma forma que comia toda a comida e fazia todo o dever de casa para poder brincar novamente. E essencialmente me divirto escrevendo, assim como a criança se diverte brincando. A gente demora pra crescer, mas quando crescemos percebemos que não, na verdade crescemos muito rápido, mais rápido do que gostaríamos. E para podermos brincar novamente inventamos nossas próprias formas de brincar com as palavras, com as cores, com a música, com a arte, com as coisas. Outro dia me peguei desenhando nas nuvens, lembrei da minha infância, quando fazia isso com mais freqüência. Saudades da infância e das brincadeiras de criança, de quando o mundo parecia mais interessante e as novidades mais constantes.